Por D. Demétrio Valentini
O dia 14 de setembro é dedicado à memória da cruz. É o dia da "exaltação da santa cruz", como diz a expressão antiga da liturgia. No contexto da história dos primeiros tempos da fé cristã, o fato assinala, com muita evidência, a grande mudança acontecida no império romano. A cruz era sinal de ignomínia, a tal ponto que era proibido aplicar o suplício da cruz a um cidadão romano. Com a chegada da fé cristã, com a difusão da boa nova de nossa redenção realizada por Cristo, a cruz passou a ter outro significado, bem diferente do anterior. Mesmo ligada ao sofrimento, a cruz passou a lembrar muito mais a força surpreendente, que é capaz de transformar a cruz em sinal de amor, como fez o Cristo.
A partir de Cristo, a cruz continuou sendo cruz, mas cruz gloriosa, cheia de vida, e força de transformação. Convicto deste novo significado da cruz, e da sua indissociável ligação com o testemunho de amor dado por Cristo, São Paulo exclama: "Nós pregamos Cristo, e Cristo crucificado!".
Agora, na cultura ocidental, herdeira do império romano, surge a polêmica, sobre a exposição da cruz em ambientes públicos. Em nome da pluralidade religiosa, que precisa ser respeitada, alega-se que a cruz poderia constranger quem não é cristão.
Compreende-se que não se exponha a cruz em contextos que foram marcados historicamente pelos equívocos históricos dos tempos das "cruzadas", quando se invocou a cruz de Cristo para combater supostos "hereges", e para reconquistar para o cristianismo os lugares onde Cristo viveu, desvirtuando assim o verdadeiro significado da cruz.
Para estes ambientes, e para os nossos também, afinal de contas, podemos até relativizar a presença da cruz. Contanto que esteja presente o testemunho principal, que a cruz simboliza, e que não pode nunca faltar, que é o amor que Cristo testemunhou por sua cruz. Foi ele que sentenciou: "Nisto conhecerão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros, como eu vos amei". Este o sinal que nunca pode faltar.
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